“Joker: Folie à Deux”, dirigido por Todd Phillips, promete uma sequência ousada, misturando elementos de musical e psicopatia, mas o resultado não é tão impressionante quanto se esperava. No filme, seguimos a trajetória de Arthur Fleck (interpretado por Joaquin Phoenix), o homem perturbado que se transforma no Joker, o infame palhaço assassino. Agora, ele está preso em Arkham State Hospital, à espera de seu julgamento.

Desde o início, “Folie à Deux” tenta capturar o mesmo tom sombrio do filme original, mas com uma abordagem musical que se revela menos eficaz. O público já está familiarizado com o personagem de Arthur e sua jornada, mas o que era para ser uma continuação empolgante acaba se tornando um filme onde as músicas e coreografias não adicionam muito à história. Phillips aposta em um estilo retrô, utilizando canções antigas como “Bewitched, Bothered and Bewildered” e “That’s Entertainment!”, mas essa escolha não parece fazer jus ao potencial do enredo.
Lady Gaga se junta ao elenco como Lee Quinzel, a paciente obcecada por Arthur, que aos poucos assume a identidade de Harley Quinn. A expectativa em torno de sua atuação era alta, especialmente por conta do sucesso que a cantora e atriz teve em “A Star Is Born”. No entanto, em “Folie à Deux”, sua personagem não tem o desenvolvimento necessário para deixar uma marca significativa. Embora tenha momentos musicais como “To Love Somebody” e “Gonna Build a Mountain”, o filme não consegue explorar todo o potencial de Gaga.
A Trama Central
A história gira em torno do julgamento de Arthur. Ele é acusado de assassinar várias pessoas, incluindo o apresentador de TV Murray Franklin, e a principal questão em debate é se ele é insano ou simplesmente um criminoso frio. Sua advogada, interpretada por Catherine Keener, argumenta que Arthur sofre de uma personalidade dividida, enquanto o promotor, Harvey Dent (interpretado por Harry Lawtey), insiste que ele é apenas Arthur, um homem profundamente perturbado.
Essa questão da dupla personalidade é central ao enredo, mas o filme acaba se perdendo ao explorá-la em excesso. Já vimos essa dinâmica no primeiro Joker, onde Arthur se transforma no palhaço do crime, mas aqui, essa abordagem parece repetitiva. As cenas de Arthur cantando músicas clássicas durante o julgamento soam forçadas, e a ausência de um verdadeiro antagonista ou uma ameaça iminente enfraquece o suspense do filme.
A Falta de Impacto
Uma das críticas recorrentes a “Joker: Folie à Deux” é a falta de tensão em relação ao personagem principal. No primeiro filme, após o famoso incidente no metrô, onde Arthur mata três homens, há um claro momento de transformação. Ele se sente revigorado pela violência, e essa mudança é palpável na tela. Em “Folie à Deux”, porém, essa energia desaparece. Arthur está preso, suas ações são limitadas, e suas interações com outros personagens, especialmente com Harley Quinn, não carregam o mesmo peso emocional.
Mesmo as cenas musicais, que deveriam ser o ponto alto do filme, falham em capturar a essência do Joker. Não há momentos como o icônico dançar nas escadarias de Nova York ao som de “Rock and Roll Part 2” de Gary Glitter, que foi um dos ápices do filme original. Aqui, as músicas parecem deslocadas e não contribuem para o desenvolvimento do personagem ou da narrativa.
Considerações Finais
Enquanto “Joker” foi um filme ousado, que desafiou o público a simpatizar com um personagem profundamente perturbado, “Folie à Deux” opta por um caminho mais seguro. O filme tenta explorar a relação entre Arthur e Lee, mas falha em fazer com que essa dinâmica seja convincente. Além disso, as escolhas musicais, que deveriam ser um diferencial, acabam por tornar o filme menos impactante.
Os fãs de musicais podem até apreciar os números performáticos, mas aqueles que esperavam uma sequência tão provocativa quanto o original ficarão decepcionados. “Joker: Folie à Deux” é uma continuação ambiciosa, mas que, no final das contas, carece da ousadia e intensidade que tornaram o primeiro filme um sucesso.